Reencarnação

Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, pergunta às inteligências incorpóreas com quem confabulava a respeito de filosofia e de moral:

"A alma que não atingiu a perfeição durante a vida corpórea, como acaba de depurar-se?
Resposta: – Submetendo-se à prova de uma nova existência."

"A alma tem muitas existências corpóreas?
– Sim, todos nós temos muitas existências."

(Itens 166 e 166b)

Esses comentários são continuação do estudo constante a partir do item 100 do mesmo livro em que se analisa a escala evolutiva dos espíritos. Existem espíritos com evolução incipiente, mediana, superior e evolução completa ou estado de pureza, de perfeição. O espírito que atingiu o topo da escala evolutiva, passou, atravessou os diversos níveis.

A concepção de evolução, portanto está muito conectada com a de reencarnação.

É necessário que os espíritos (que somos nós mesmos – somos espíritos temporariamente ligados a um corpo físico) trabalhem para melhorarem-se em tudo, em todos os aspectos; na moral, no comportamento, nas artes, nas ciências, na espiritualidade, até atingirem a perfeição.

O trabalho é o processo que produz a desejada evolução; por ele desenvolvemos nossa inteligência, nossos relacionamentos e enfrentamos desafios que nos educam.

Por vezes, nos caminhos evolutivos, entretanto, somos visitados pelas dificuldades ou mesmo por dores que nos acabrunham, mas quando as vencemos ou se desfazem sob uma resignação paciente e ativa, nos purificam e nos engrandecem.

Há necessidade de muitas migrações neste mundo e em mundos sucessivamente mais perfeitos, até, ao final desses processo não mais necessitarmos nos unir a corpos perecíveis. Teremos então atingido a perfeição e pureza completas. Tal o sentido da recomendação de Jesus: Sede Perfeitos e tal também a possibilidade de seu cumprimento.

Muitas pessoas não conseguem raciocinar a respeito da necessidade da dor como meio evolutivo. Não falo aqui da dor voluntária e inútil a que se submetem muitos fanáticos, mas da dor que a vida nos impõe, muitas vezes, de que não nos podemos subtrair ou se na hipótese de haver possibilidade de nos livrarmos dela de imediato, teríamos que fazê-lo com maiores prejuízos para nós, para os outros e até para nossos entes queridos.

Falo daquela dor que a razão, a nobreza dos sentimentos e o altruísmo nos induzem a aceitá-la sem queixumes.

Necessário entender que quando contemplamos um quadro angustiante, aparentemente casual e cruel, há uma razão justa causadora daquele mal.

Recentemente conversávamos sobre esse conceito reencarnatório. Uma jovem presente, que ouvia nossas considerações objetou: mas como Deus pode ser justo e bom se permite que, por meio da reencarnação tenha havido e ainda haja tantos sofrimentos originários do desrespeito aos direitos humanos? Como pode ter permitido a escravidão com o domínio de um ser humano sobre outro ser humano, apenas porque este ultimo fosse derrotado de guerra ou pertencesse a outra etnia?

O que observamos é apenas uma fase da longa história daquelas vítimas, composta por múltiplas vidas. 

Tais vítimas muitas vezes viveram como terríveis verdugos em outras migrações reencarnatórias. Esse fato, foi inúmeras vezes testemunhado por nós mesmos nas nossas sessões de desobsessão em que espíritos vingativos se queixam de suas atuais vitimas humanas, porque lhes impuseram sofrimentos cruéis, desumanos e terrivelmente atentatórios aos direitos e dignidade humana em precedentes encarnações.

Tais espíritos são, muitas vezes submetidos a tratamentos de regressão de memória e, constrangidos, rememoram reencarnações mais remotas do que aquelas em que foram molestados e acabam por reconhecer que o perdão é justo, pois que sofreram o que fizeram os outros sofrerem e ainda tiveram suas penas suavizadas pela misericórdia de Deus.

Cumpre observar ainda, que havia muitas pessoas que mantinham escravos e por intermédio de seus feitores impunham disciplinas rígidas, cruéis e injustas mas em sua mentalidade de então agiam com normalidade e consideravam toda aquela situação de acordo com a moral e a ética.

Para ilustrar essa diferença de percepção que nós tínhamos do bem e do mal em diversas épocas de nossa evolução, basta lembrarmos dos espetáculos sangrentos dos circos romanos em que os cidadãos considerados normais se divertiam com lutas mortais e com o lançamento dos seres humanos às feras. E diga-se que esses espetáculos eram apreciados inclusive pelas matronas e considerados por tais senhoras como coisa normal. Recordemos, que  as senhoras da nobreza romana mesmo possuindo, como ocorre com o elemento feminino, mais sensibilidade do que os homens, divertiam-se com aqueles horrores.

Vale meditar, inclusive que muitas ações por nós tidas como normais, que nós praticamos no cotidiano, no presente, serão certamente vistas, quando atingirmos maior soma de perfeição, como infrações graves à lei de amor que prescreve respeitarmos e compreendermos o próximo.

Postagens mais visitadas deste blog

Regressão de Memória - terapia em reuniões mediúnicas

UMA REENCARNAÇÃO DE DIVALDO FRANCO NA FRANÇA

Epistemologia do Espiritismo