RIVALIDADES ENTRE AS SOCIEDADES ESPÍRITAS
" Se o Espiritismo, conforme foi
anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, claro é que esse
efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará
gradualmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos.
Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele
que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com os seus
semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento
ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece
dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas
manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Tais, porém, não
são os desígnios de Deus. Para o objetivo providencial, portanto, é que devem
tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem
animados dos mesmos sentimentos. Então, haverá união entre elas, simpatia,
fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais
de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque
assentarão em inabalável alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e
imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica,
que todos respeitam.
Essa a estrada pela qual temos procurado
com esforço fazer que o Espiritismo enverede. A bandeira que desfraldamos bem
alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos
a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por
compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem
pública, o sinal de uma era nova para a Humanidade.
Convidamos, pois, todas as Sociedades
espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo
elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em
inextricáveis malhas."
Kardec, ALLAN - O Livro dos Médiuns - cap XXIX item 350