Em busca da substância fundamental

 

Em busca da substância fundamental

 

 

 

Explicações iniciais

 

O Espiritismo e a

Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha

na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao

Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação.

A Gênese _ Allan Kardec Item 16 Cap I

 

 

Caminhando de par com o progresso,

o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele

se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará

Obra citada Item 55 Cap I

 

 

Um dos deveres básicos do adepto do Espiritismo é estudar. Estudar o Espiritismo na profundidade que estiver ao seu alcance e, se possível, também realizar estudos comparados com outras filosofias e com os progressos científicos. À primeira vista, parece que estudar, acompanhar os progressos científicos e compará-los com os ensinos espíritas seria uma tarefa complexa e inalcançável para a maioria de nós. Tal percepção, entretanto, pode ser modificada se pensarmos na possibilidade de trabalharmos em grupos, com diversos espíritas contribuindo com seus conhecimentos e habilidades, coordenadamente.

 

Estes trabalhos de cotejamento devem também ser facilitados utilizando-se um critério de abordagem generalista do tema em foco e, em seguida, submetê-los a especialistas. É o que estamos fazendo neste trabalho: faremos comparações com o que o Espiritismo ensina a respeito de Fluido Cósmico Universal e o que a ciência moderna e alguns de seus representantes afirmam.

 

Este trabalho generalista foi possível graças a nossa formação em ciências da natureza em grau médio, leituras de livros e artigos de divulgação científica, leituras de artigos na Wikipédia, Cielo, aulas disponíveis no YouTube, notadamente do professor Vanderley Bagnato da Universidade de São Carlos (SP). Após concluirmos esse esboço, o submeteremos a especialistas, preferencialmente espíritas, para revisão.

 

Nosso plano de trabalho consiste em descrever, ainda que seja de forma parcial e sintética, a evolução do conceito de átomo, de elemento químico e de energia desde o tempo de John Dalton, até os dias de hoje; procuraremos verificar se o que o Espiritismo afirma a respeito de Fluido Cósmico Universal é um tema adequadamente tratado pela ciência ou, pelo menos, se o avanço da ciência segue um caminho que pareça aproxima-se desta concepção.

 

Esse trabalho também tem por finalidade analisar o sentido, a abrangência de certas expressões e conceitos adotados por Allan Kardec ante a ciência da época e qual o sentido que assumem sob a ótica moderna. Discutimos se a linguagem espírita poderia ou deveria adotar expressões cujo sentido seja melhor perceptível para as pessoas instruídas em ciências atualmente.

 

Tentaremos identificar se os progressos científicos comprovam que os “fluidos” são os elementos da nossa matéria pesada; procuraremos trazer à tona pelo menos alguns fatos que nos ajudem a discutir a afirmativa de que o “fluido” vital também seria uma das modificações dos demais “fluidos” conhecidos como calor, eletricidade etc.

 

Vale observar que nossa análise pretende abranger tanto as leis comprovadas experimentalmente, quanto outras afirmativas dos pesquisadores de caráter especulativo, fundamentadas na lógica, nos processos matemáticos e na intuição.

 

Evolução das concepções a respeito da constituição da matéria

 

Desde a antiga Grécia, filósofos discutem a estrutura da matéria. Esses filósofos já haviam formulado o conceito de átomo.

 

Demócrito defendia que se fracionarmos continuamente um corpo material, atingiremos um nível que seria impossível continuar partindo os pedacinhos de matéria; obteríamos o que ele definiu como indivisível. Convertendo o conceito de indivisível para a linguagem grega clássica obteremos a palavra átomo.

 

Atualmente, ainda que nossa concepção não adote o conceito de indivisível, tendo em conta  que os avanços da Física Nuclear demonstraram que o átomo tem componentes e portanto é divisível, utilizamos a palavra átomo para definir a menor partícula da matéria. Podemos afirmar que os componentes do átomo possuem natureza híbrida: onda-partícula.

 

Com o desenvolvimento da Química, a ideia atomista ganhou força.

 

A Teoria Atômica também havia sido proposta por filósofos, como Descartes, antes de ela ter base experimental.

 

“...Descartes, no século 17, que, inspirado na teoria atômica dos gregos, conclui, trezentos anos antes da descoberta do elétron, que na base do átomo deveria existir uma partícula primitiva, chegando a desenhá-la, com surpreendente rigor de concepção, como sendo um «remoinho» ou imagem aproximada dos recursos energéticos que o constituem.” (André Luiz - espírito - em Mecanismos da Mediunidade - Cap II - Conquistas da Microfísica).

 

A Teoria atômica de John Dalton

 

1 - A primeira teoria atômica que apresentou algum respaldo experimental foi a de Dalton. Essa teoria fundamentou-se em dois pontos capitais: o primeiro é que a reação entre substâncias segue proporções bem definidas, e a segunda é que a matéria é formada de átomos.

 

Foi com as investigações e deduções de Dalton, que a teoria atômica ganhou contornos científicos. Observou-se que as substâncias combinavam-se em proporções definidas e obedeciam a simetrias. No trabalho desse cientista, intitulado New System of Chemical Philosophy, está a ideia de que, quando duas substâncias se combinam, a união se faz por suas partículas componentes na proporção de um para um, ou de um para dois, um para três etc.

 

Dalton percebeu que o Hidrogênio era o elemento cujo átomo é o de menor peso. Estabeleceu também que os pesos dos átomos de todos ou demais elementos poderiam ser conhecidos a partir de comparações com o peso do átomo de hidrogênio. Foi assim que ele concluiu que, por exemplo, o átomo de carbono pesava doze vezes mais (peso atômico) do que o átomo de hidrogênio e assim sucessivamente. Dalton publicou uma relação de 37 substâncias que considerava elementares. Seus trabalhos foram confirmados posteriormente.

 

Observe-se que os elementos eram definidos por seus pesos atômicos, quando hoje o são pelo número de prótons, ou seja, pelos números atômicos[1].

 

Em 1803, John Dalton propôs em sua teoria: o átomo é uma esfera maciça, homogênea, indestrutível, indivisível e de carga elétrica neutra[2].

 

Concepção da estrutura da matéria ao Tempo de Allan Kardec

 

O que se entendia por fluidos na época de AK

 

2 - À época de Allan Kardec a ciência consagrava a teoria atômica de Dalton. Relativamente a conceitos que atualmente entendemos por energia, utilizava-se o termo fluido. A palavra fluido possuía uma conceituação mais abrangente do que a que atribuímos hoje. Incluía o que denominamos de energias como, por exemplo, energia luminosa, energia elétrica, energia calorífica etc. Incluía também o que entendemos como fluidos, quais sejam: os gases e os líquidos.

 

O que se entende por fluidos atualmente

 

2.1 - O conceito atual de fluido restringe-se ao estado dos corpos que possuem a característica de assumir a forma do recipiente que o contém (gases e líquidos).

 

O sentido da palavra fluido que, nos tempos de AK extrapolava o conceito atual, é denominado de energia. Conceitos equivalentes à energia, podem ser observados nos dias de hoje como força, vibração, onda.

 

Concepção de elemento na época de AK (Allan Kardec).

 

(Um pouco sobre epistemologia espírita)

 

2.2 - Nos tempos de AK não havia uma classificação periódica dos elementos, além disso, os elementos eram considerados em suas massas atômicas e não, como atualmente, em seus pesos atômicos. Em 1870 Lothar Meyer publicou uma tabela em que se observavam quarenta e quatro elementos. Hoje conhecemos mais de cem, alguns inclusive obtidos por processos artificiais desenvolvidos após o surgimento da Física Nuclear.

 

Ante a percepção da estrutura da matéria de meados do Séc. XIX, em que se considerava elementos[3] as substâncias compostas por um tipo de átomo apenas e que os átomos eram considerados indivisíveis, é curioso observar que Allan Kardec tenha adotado um conceito de unicidade do elemento material, que denominou Fluido Cósmico Universal. A primeira concepção que nos vem à mente é que se trata de um conceito antes filosófico que científico por não termos identificado respaldo experimental como a ciência atual requer. Vale observar que ainda mesmo nos dias atuais, com todo o desenvolvimento verificado em um século e meio, não há evidências experimentais referentes a este conceito de fluido cósmico universal.

 

Certamente, ante os progressos recentes da ciência, em termos de identificação de partículas fundamentais, podemos considerar que há indícios de que futuramente identificaremos experimentalmente este ainda hipotético Fluido Cósmico Universal.

 

"A existência de uma matéria elementar única está hoje quase geralmente admitida pela Ciência, e os Espíritos, como se acaba de ver, a confirmam." Allan Kardec - O Livro dos Médiuns item 130, cap VIII - Laboratório do Mundo Invisível.

 

Podemos dizer que a afirmação de que há um Fluido Cósmico Universal e que tal seria a matéria elementar única é assunto admitido pela Espiritismo com base no seu método de análise filosófica:

 

-         Racionalidade

 

-         Não contradição com nenhum fato verificado cientificamente (inclua-se no conjunto desses fatos os confirmados racional e experimentalmente pelo Espiritismo).

 

-         Concordância universal dos ensinos dos espíritos (revelação espontânea de diversos espíritos confiáveis recebidas por diversos médiuns desconhecidos uns dos outros)

 

Há comunicação mediúnica publicada em O Livro dos Médiuns que prevê a grande evolução científica que possibilitou o desenvolvimento da concepção da matéria e  da energia que possuímos hoje.

 

Não só o estudo da evolução da concepção da matéria e da energia nos séculos XIX e XX nos indicam que os conhecimentos nesta área (conhecimentos refletidos nas obras de Allan Kardec) necessitavam ganhar maior profundidade, amplitude, precisão e a chancela da experimentação científica, mas a própria revelação dos espíritos confirma essa posição:

 

“Não me é permitido, por enquanto, desvendar-vos as leis particulares que governam os gases e os fluidos que vos cercam, mas, antes que alguns anos tenham decorrido, antes que uma existência de homem se tenha esgotado, a explicação destas leis e destes fenômenos vos será revelada …” Erasto (espírito) - O Livro dos Médiuns - Cap V - Manifestações Físicas Espontâneas - item 98.

 

Outro indicativo da necessidade de aprofundamento do conhecimento a respeito da natureza dos fluidos e estrutura da matéria, pode-se observar nas afirmações:

 

“23a Poder-se-á dizer que é pela condensação do fluido do perispírito que

o Espírito se torna visível?

 

Condensação não é o termo. Essa palavra apenas pode ser usada para estabelecer uma comparação, que vos faculte compreender o fenômeno, porquanto não há realmente condensação.(...)”  Livro dos Médiuns item 100

 

Esse trecho na tradução de Noleto, parece ainda mais explícito em relação à condição de analogia do termo “condensação”. Termo esse utilizado por ausência das concepções que a física do século XX nos trouxe:

 

Vide a resposta nessa outra tradução:

 

“Condensação não é o termo. Trata-se apenas de uma comparação que pode vos ajudar a compreender o fenômeno pois na realidade não há condensação. (...)”

 

Como veremos mais adiante, a Física, no Século XX avançou em direção ao mundo subatômico. Com novos e poderosos recursos experimentais, como aceleradores nucleares, câmaras de bolhas, câmaras de névoa, etc demonstrou a existência de partículas até então desconhecidas, de dimensões extremamente reduzidas e algumas com tempo de vida medidas em trilionésimos de segundos (O Tau, por exemplo possui tempo de vida de 29 x 10 -12 s). Esse avanço também conferiu muito maior grau de exigência em relação à recepção de teses pela ciência. Assim, podemos observar a livre construção de conjecturas baseadas em:

 

1.               interpretações de alguns fatos intuitiva e/ou racionalmente;

2.               extensão dessas interpretações para previsão de novos fatos ainda não observados;

3.               tratamento algébrico de expressões matemáticas representativas de fenômenos comprovados, estendendo-as a outras possibilidades de fenômenos ou a outras possibilidades de existências de entes físicos (como, por exemplo, partículas subatômicas) ainda não demonstradas experimentalmente.

 

Embora tenha havido na história da Física e da Química, conjecturas que posteriormente tiveram confirmação experimental (vide por exemplo, a concepção atômica de Descartes fundamentada em processos intuitivos - vide parte introdutória deste trabalho - e descrição do trabalho de De Broglie  no item 6 também deste trabalho) , tais procedimentos podem ser considerados como componentes de método robusto para elaboração de hipóteses, mas, se desprovidas de confirmações experimentais, não serão aceitas como teorias científicas.

 

Forçoso considerar que “Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais, por enquanto, somente poderemos recolher informações pelas vias do espírito. “ (André Luiz (espírito) - Mecanismos da Mediunidade - Ante a Mediunidade. - Editora FEB.

 

Classificação periódica dos elementos: o sonho de Mendeleev.

 

3 - Mendeleev propôs uma  tabela periódica com classificação das propriedades dos elementos em 1869, ainda com base nas massas atômicas.

 

““Vi num sonho uma tabela em que todos os elementos se encaixavam como requerido. Ao despertar, escrevi-a imediatamente em uma folha de papel.” Assim, ele compreendeu que as propriedades das substâncias dos elementos se apresentam em função dos seus pesos atômicos, repetindo suas propriedades periodicamente. A partir disso, surgiu a famosa tabela periódica,...”[4]

 

Experiência de William Crookes e o modelo atômico de Thomson.

 

4 - Dentre as diversas contribuições para o desenvolvimento da ciência, destaca-se a do físico e químico britânico Willian Crookes.

 

Os trabalhos de Crookes (Inglaterra), Grassiot (França), Plücker (Alemanha) e Hittorf (Alemanha) representaram importante passo na pesquisa experimental da estrutura da matéria.

Grassiot e Plücker  construíram um dispositivo constituído de uma ampola hermeticamente fechada contendo gases rarefeitos e dois polos (também denominados eletrodos) de uma corrente elétrica.  Para obterem descargas elétricas no interior da ampola acionavam o circuito a aproximadamente 30.000 volts.

 

Para obterem a rarefação dos gases utilizaram uma bomba pneumática. Quando a pressão caia  a aproximadamente 10 mm de mercúrio a descarga não se assemelhava a faíscas e sim a uma faixa sinuosa brilhante e de cor violeta. A pressão atmosférica normal está em torno de 760 mm de mercúrio.

 

Observou-se que a faísca ou faixa sinuosa originava-se do eletrodo negativo, também conhecido como cátodo.

 

Relativamente às  experiências de Crookes, o cátodo estava localizado em uma das extremidades e o ânodo no corpo da ampola, mais ou menos na parte intermediária. Ao acionar a corrente elétrica, observou-se uma luminescência na extremidade oposta ao cátodo. Observou-se também uma luminescência decorrente de emissão de um feixe de raios carregadas negativamente pelo cátodo. As experiência de Crookes  ocorriam a uma pressão em torno de  0,02 e 0,001 mm de mercúrio e em um nível de tensão elétrica entre 10.000 e 15.000 volts.

 

Pelo fato de a luminescência estar associada ao fenômeno, Crookes acreditou que havia descoberto um quarto estado da matéria, que denominou “radiante”.

 

Crookes também submeteu estes feixes de raios à ação de campos elétricos. Observou que os raios catódicos sob ação de campos elétricos ou magnéticos apresentam desvios.

 

JJ Thomson, realizou medições e estudos sobre esses desvios, comparou com outras grandezas físicas envolvidas no fenômeno como campos elétricos e magnéticos. Postulou que os raios catódicos seriam compostos por partículas, concluindo que estas partículas possuem massa de aproximadamente 2.000 vezes menor do que o átomo de Hidrogênio.

 

Com as constatações de Thomson, aprendemos que a experiência de William Crookes consistia em emissão de um feixe de elétrons e não em um quarto estado da matéria como Crookes havia imaginado.

 

Tais experiências foram repetidas por outros pesquisadores, ainda no século XIX e conduziram à descoberta dos raios X.

 

A descoberta do elétron marca uma evolução da concepção do átomo que incorpora o conceito de elétron, o da divisibilidade do átomo e um modelo atômico.

 

O modelo atômico de Thomson consistia em uma conformação de cargas positivas e negativas semelhante a um bolo confeitado de cerejas ou passas, de tal forma que a quantidade de cargas negativas é igual a quantidade de cargas positivas, resultando em neutralidade elétrica dos átomos em seu estado normal.

 

No século XX a ampola de Crookes foi utilizada para construir televisões. Os tubos de imagens são ampolas de Crookes.

 

Evolução do conceito de átomo – modelo Rutherford/Bohr

 

5 - No início do Séc. XX, o físico neozelandês, Rutherford realizou uma experiência com a utilização de um gerador de feixes de partículas positivamente carregadas (partículas alfa, isto é, núcleos de hélio), com o auxílio de um pedaço de polônio colocado em um orifício de um bloco de chumbo, disparando os feixes de partículas positivas sobre uma fina placa de ouro. Observou os desvios dessas partículas após o choque com a placa mencionada.

 

Diferentemente do conceito atômico de Thomson, os resultados evidenciavam que os átomos componentes da placa possuem a conformação de um núcleo carregado positivamente envolvido por elétrons que por sua vez são portadores de carga negativa.

 

Em 1911, Rutherford apresentou os resultados de sua experiência que constatou que os átomos possuem espaços relativamente muito grandes em seu interior que separam o núcleo da eletrosfera e apresentam-se com conformação semelhante a sistemas planetários.

 

A teoria de Rutherford sem dúvida representou um significativo avanço na compreensão da estrutura da matéria, mas não oferecia explicação para o fato de não se verificar um colapso da eletrosfera com queda sobre o núcleo em decorrência de perda de energia e atração eletrostática.

 

Um dos alunos de Rutherford, Neils Bohr realizou a proeza de explicar as razões pelas quais a eletrosfera não entrava em colapso. Bohr, por volta de 1913, utilizou conceitos da Mecânica Quântica de Max Plank e Einstein para agregar ao modelo atômico de Rutherford. Esse trabalho resultou em uma nova compreensão dos níveis de energia na eletrosfera e a correlação dos saltos dos elétrons entre tais níveis com emissão ou absorção de ondas portadoras de energia.

 

Em outras palavras, Bohr ensinou-nos que os elétrons ocupam órbitas definídas e centralizadas no núcleo atômico. As diversas órbitas representam níveis de energia, quanto mais externa a órbita, maior a energia associada. Os elétrons, ao absorverem ondas (energia) saltam para camadas eletrônicas mais externas e ao emitirem ondas (liberarem energia), saltam para camadas eletrônicas mais internas.

 

Adicionalmente, Bohr identificou que não há possibilidade de o elétron assumir níveis de energia intermediários entre as camadas consecutivas. Assim, a energia é composta por quanta[5] (unidades mínimas indivisíveis).

 

Surgiu assim o modelo atômico Rutherford-Bohr.

 

Apesar de Bohr ter descoberto que as camadas eletrônicas formam níveis de energia discretos, não sabia justificar porque dessas camadas não admitirem níveis intermediários.

 

Dualidade onda-partícula – De Broglie

 

6 - Em 1924 entrou em cena, com a apresentação de sua tese de doutorado em física, o historiador Louis De Broglie. (https://youtu.be/R0jyWtzQfPI).

 

De Broglie previu que partículas em movimento assumem um comportamento misto onda-partícula e que há uma onda associada ao movimento dos elétrons em torno do núcleo, cujo comprimento da órbita é um múltiplo inteiro do comprimento de onda. Ele utilizou uma equação apresentada por Einstein para demonstrar o comportamento corpuscular do fóton, efetuou um processo algébrico simples e deduziu nova equação que sugere que da mesma forma que o fóton, que é um quantum de onda, comporta-se como partícula, as partículas em movimento comportam-se também como onda.

 

Essa propriedade de o circuito do elétron em torno do núcleo ser necessariamente múltiplo de um comprimento de onda, explica os níveis energéticos orbitais de Bohr.

 

De Broglie ganhou o prêmio Nobel em 1929.

 

Em 1927 Davisson e Germer demonstram que o elétron pode ser difratado através de um cristal de níquel. Como difração é propriedade de onda, demonstrada experimentalmente está a teoria de De Broglie.

 

6,1 - Os conhecimentos obtidos pela ciência até a década de 1920 parecem confirmar a teoria espírita da formação da matéria a partir dos "fluidos ", isto é, a partir  da energia.

 

As considerações expostas até este ponto nos levam a concluir que a afirmação dos espíritos de que a matéria pesada é produto de transformações dos “fluidos” encontra respaldo no fato de as partículas subatômicas possuírem natureza híbrida (mista):

 

a) energética (onda) e

b) material (partícula).

 

6.2 - Dialética em Física

 

O conceito de dualidade onda-partícula foi introduzido por Einstein, com o reconhecimento da existência do fóton como unidade fundamental da luz e suas propriedades de partícula. De Broglie posteriormente utilizando-se da equação de Einstein, descritiva da natureza corpuscular do fóton, ofereceu recursos matemáticos que previam que partículas, como o elétron, também possuem comportamento ondulatório.

 

Essas novas e imprevisíveis tendências de pesquisas acabaram por compatibilizar um antigo conflito de conceitos que havia entre Isaac Newton e o físico holandês Christian Huygens. No século XVII havia uma disputa entre esses cientistas a respeito da natureza da luz: Newton defendia a teoria corpuscular e Huygens a teoria ondulatória. A discussão prosseguiu por alguns séculos, com cientistas posicionando-se de forma extrema: uns posicionavam-se favoráveis à teoria corpuscular e outros à ondulatória. Antes das descobertas do comportamento corpuscular do fóton e da natureza onda-partícula do elétron, ainda no Século XIX, James Clerk Maxwell havia publicado trabalhos demonstrando que a luz é constituída de ondas eletromagnéticas. Tendo em conta os estudos detalhados e acompanhados de formulações matemáticas de Maxwell, acreditava-se que a ideia da natureza corpuscular da luz estava definitivamente superada.

 

Esse fato nos alerta sobre a relatividade de muitas concepções científicas, metafísicas e doutrinárias. Nos mostra o quão criteriosos e prudentes devemos ser quando sentirmos a tentação de proferir afirmações dogmáticas, definitivas, principalmente em temas transcendentais.

 

Portanto, a ciência moderna, surpreendentemente para os cientistas do final do Século XIX e início do Século XX, verificou que tanto Newton quanto Huygens estavam corretos. O conflito de ideias aconteceu porque, na época de Newton, eles não foram capazes de apreender o fenômeno luminoso em sua totalidade. Observações e desenvolvimentos posteriores vieram atestar a natureza dual (onda-partícula) da luz.

 

Entendemos que a descoberta da dupla natureza dos entes subatômicos é uma pista para comprovação da teoria espírita que diz que a matéria é composta por “fluidos” concentrados. Outra evidência dessa teoria é o fato de durante o fenômeno do decaimento da energia; logo após o Big Bang, as partículas subatômicas reuniram-se para formar, prótons, neutrons e, consequentemente átomos. Átomos são as menores partículas da matéria qual a conhecemos, que conservam suas propriedades.

 

7 - Métodos experimentais e observações na investigação da estrutura da matéria

 

7.1 - Aceleradores de partículas - São dispositivos que visam acelerar partículas subatômicas até altíssimas velocidades, que podem atingir níveis da ordem de grandeza da velocidade da luz, fazê-las colidir e, com o auxílio de detectores de partículas, identificar a natureza dos “estilhaços” resultantes das colisões.

 

As acelerações são obtidas mediante aplicação de um campo elétrico à partícula  eletricamente carregada. Para manter a partícula na direção desejada, evitando-se desvios da trajetória, utiliza-se campo magnético.

 

Esses aceleradores podem possuir a conformação linear ou circular. Entre os aceleradores circulares podemos destacar o cyclotron e o synchrotron. As partículas poderão ser aceleradas em trajetórias com formato de espiral ou que obedeçam à trajetória em formato circular.

 

(https://www.youtube.com/watch?v=YDtvEeB30gE e

https://www.youtube.com/watch?v=vCZO6zOX8s4)

 

7.2 - Detectores de partículas - A detecção de partículas e radiações resultantes das colisões provocadas pelos aceleradores, serão registradas pelos detectores de partículas, que fornecerão elementos para estudo da natureza e características das partículas resultantes das colisões. Alguns tipos de detectores são:

 

Câmaras de bolhas, câmaras de névoa, câmara de centelhas e contadores de cintilação.

A câmara de bolhas possui um gás líquido. Quando as partículas liberadas da colisão passam em seu interior, o gás é vaporizado deixando um rastro, ou melhor, uma trilha de bolhas.

 

O funcionamento da câmara de névoa é parecido com a das câmaras de bolhas; a diferença é que a câmara de névoa utiliza vapor em vez de gás líquido.

 

A câmara de centelhas é um dispositivo que contém gás ionizado. Em sua passagem,  as partículas provocam o aparecimento de centelhas o que permitem contagem.

 

Nos contadores de cintilação, as partículas provocam emissão de fótons que por sua vez provocam o deslocamento de elétrons que podem ser registrados.

 

(https://brasilescola.uol.com.br/fisica/detectores-particulas.htm)

 

7.3 Raios cósmicos

 

Partículas dotadas de elevada energia aportam à Terra e chocam-se com átomos da atmosfera. Tais choques destacam partículas sub atômicas, a exemplo do que ocorre nos colisores de partículas (7.1).

 

Para maiores informações:

 

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Raio_c%C3%B3smico#:~:text=Raios%20c%C3%B3smicos%20s%C3%A3o%20part%C3%ADculas%20extremamente,antipr%C3%B3tons%2C%20neutrinos%20e%20f%C3%B3tons%20gama.

 

8 - Modelo atômico atual - Modelo padrão

 

Os estudos teóricos e experimentais acumulados até nossos dias, legou-nos um conceito de estrutura da matéria e um conjunto de partículas subatômicas e forças que nos parecem fundamentais a que denominamos “Modelo padrão”. Nas próximas linhas, vamos apresentá-lo.

 

As unidades subatômicas

 

Força onda partícula – importante termos sempre em mente que as partículas subatômicas têm características próprias; comportam-se como partículas e também como ondas. Há ainda um princípio da física subatômica conhecido como o princípio da incerteza que pode ser enunciado assim: não é possível determinar-se simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula.

 

Podemos entender, consequentemente, que quando falamos em “partículas” não nos referimos a um pedaço de matéria tal como estamos acostumados a conviver. Essas partículas, poderiam ser concebidas como ondas, redemoinhos, nuvens ou mesmo um feixe de ondas.

 

Vamos estudar três categorias de partículas, que consideramos fundamentais: os léptons,  os quarks e os bósons.

 

Há 24 léptons, elétron, tau, múon e quarks, suas respectivas antipartículas e respectivos neutrinos

 

Bósons são partículas portadoras de força: fótons (força eletromagnética), glúons ( força forte), grávitons (gravidade), W+, W- e Z0(força fraca).

 

 

LÉPTONS

Elétrons, múons e taus

 

Elétrons

 

Dentre as partículas "indivisíveis" atualmente conhecidas, o elétron foi o primeiro a ser descoberto, com carga elétrica negativa e massa equivalente a aproximadamente de 1/1836 da massa do átomo de hidrogênio. Os elétrons formam a eletrosfera, parte mais externa e fundamental na composição dos átomos.

 

Múons

 

Múons secundários são produzidos na atmosfera pelos raios cósmicos. São 200 vezes mais pesados que os elétrons, possuem vida de 2,2 microsegundos e podem substituir elétrons em elementos químicos. Assim quando substituímos um elétron por um múom no hidrogênio, temos o hidrogênio muônico, mais pesado e menor que o hidrogênio que conhecemos.

 

Taus

 

Mais massivo que o múom.

O  tau é previsto para formar átomos exóticos , como outras partículas subatómicas carregadas. Um dos tais, chamado tauonium pela analogia com muônico , consiste de uma antitauon e um elétron

 

Outro é um ónio átomo

Tauton e antitauton chamada verdadeira tauonium e é difícil de detectar devido ao extremamente curto tempo de vida de tau e a baixas energias necessários para formar este átomo. Sua detecção é importante para a eletrodinâmica quântica.

 

 

QUARKS

 

São os componentes dos prótons e nêutrons, dentre outras partículas compostas. Diferentemente de outras partículas, os quarks nunca foram identificados sozinhos, mas sempre como componentes de outras partículas.

 

Os elementos, na visão atual, são os que acabamos de descrever, léptons e quarks.

 

BÓSONS

 

São partículas portadoras de força:

 

Fóton responsável pela transmissão das forças eletromagnéticas, que abrangem inclusive a energia luminosa.

 

Glúon é o portador da força forte, presente no interior dos núcleos atômicos e que mantém os quarks unidos.

 

Gráviton portador da força gravitacional. Os grávitons ainda não foram identificados experimentalmente. Contudo, encaixa-se na concepção do modelo padrão.

 

W+, W- e Z responsáveis pela transmissão da força fraca, presente na emissão ou absorção de elétrons ou pósitrons dos núcleos atômicos, causando transmutação dos elementos.

 

Pósitrons são antipartículas dos elétrons.

 

9 - "Matéria" na dimensão espiritual

 

Ainda há o que caminhar

 

Fluida maleável pelo pensamento e pela vontade

 

“O que uns chamam perispírito  não é senão o que outros chamam envoltório material fluídico. Direi, de modo mais lógico, para me fazer compreendido, que esse fluido é a perfectibilidade dos sentidos, a extensão da vista e das ideias. Falo aqui dos Espíritos elevados. Quanto aos Espíritos inferiores, os fluidos terrestres ainda lhes são de todo inerentes; logo, são, como vedes, matéria. Daí os sofrimentos da fome, do frio, etc., sofrimentos que os Espíritos superiores não podem experimentar, visto que os fluidos terrestres se acham depurados em torno do pensamento, isto é, da alma. Esta, para progredir, necessita sempre de um agente; sem agente, ela nada é, para vós, ou, melhor, não a podeis conceber. O perispírito, para nós outros Espíritos errantes, é o agente por meio do qual nos comunicamos convosco, quer indiretamente, pelo vosso corpo ou pelo vosso perispírito, quer diretamente, pela vossa alma; donde infinitas modalidades de médiuns e de comunicações. “Agora o ponto de vista científico, ou seja: a essência mesma do perispírito. Isso é outra questão. Compreendei primeiro moralmente. Resta apenas uma discussão sobre a natureza dos fluidos, coisa por ora inexplicável. A ciência ainda não sabe bastante, porém lá chegará, se quiser caminhar com o Espiritismo. O perispírito pode variar e mudar ao infinito. A alma é o pensamento: não muda de natureza. Não vades mais longe, por este lado; trata-se de um ponto que não pode ser explicado. Supondes que, como vós, também eu não perquiro? Vós pesquisais o perispírito; nós outros, agora, pesquisamos a alma. Esperai, pois.” — Lamennais.

(Livro dos Médiuns nr 51 - capítulo Dos sistemas)

 

Em outro artigo, pretendemos estudar o fluito vital.

 

A energia Vital - dirigida e modificável pelo pensamento e pela vontade dos espíritos encarnados, pelos desencarnados e também pela combinação das vontades dos encarnados e desencarnados. A percepção dos homeopatas.

 



[1](https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_at%C3%B4mica) – Consultado em Outubro/2020

[3]Elemento: substância fundamental da matéria que não pode ser decomposta em substâncias mais simples por métodos químicos. Assim, considerando-se apenas os processos químicos, tais substâncias são indivisíveis.

[5]      Quanta é o plural de quantum, trata-se de herança latina em línguas modernas.

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