Deus
Conta-se que a funcionária de uma
casa de família compareceu, certo dia, ao prédio onde se localiza o apartamento em que
trabalhada, um pouco antes do horário. Nesse dia um senhor, aproximou-se da funcionária e
alertou:
- Cuidado, cuidado lá na residência
em que você trabalha.
- Cuidado com que? Respondeu ela.
- Cuidado, cuidado, cuidado. Continuou
ou outro preocupado e aduziu:
- O Sr. Alexandre e Dona Valentina (nomes postiços) são espíritas.
- E qual é o problema? Perguntou
a funcionária.
- Os espíritas não acreditam em
Deus, disse o senhor.
Ao relatar este diálogo aos patrões, Alexandre disse em tom satírico:
- Seu amigo entende “tudo” de
Espiritismo. Ele esqueceu de ler o primeiro item do livro básico do
Espiritismo; "O Livro dos Espíritos” (O Livro dos Espíritos contém a Doutrina
Filosófica do Espiritismo e é composto de 1.019 perguntas e respostas).
Este primeiro item de O Livro dos Espíritos é uma pergunta. Ei-la:
Que é Deus?
A resposta:
Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Mais adiante, na pergunta nr 4,
Allan Kardec indaga e os espíritos respondem:
Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito
sem causa. Procurai a
causa de tudo o que não é obra
do homem e a vossa razão responderá.”
Em outra obra filosófica, A Gênese, Allan Kardec, desenvolve essa
ideia:
“EXISTÊNCIA DE DEUS
Sendo Deus a causa primária de todas as
coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre que repousa o edifício da
criação, é também o ponto que importa consideremos antes de tudo.
Constitui princípio elementar que pelos seus
efeitos é que se julga de uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta.
Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido
por mortífero grão de chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que
este último não seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma
coisa, para sabermos que ela existe. Em tudo, observando os efeitos é que se
chega ao conhecimento das causas.
Outro princípio igualmente elementar e que, de
tão verdadeiro, passou a axioma[1]
é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente.
Se perguntassem qual o construtor de certo
mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si
mesmo? Quando se contempla uma obra-prima da arte ou da indústria, diz-se que
há de tê-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia
concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um homem, por se
verificar que não está acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a ideia
de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos,
que é trabalho de um animal, ou produto do acaso.
Em toda parte se reconhece a presença do homem
pelas suas obras. A existência dos homens antediluvianos não se provaria
unicamente por meio dos fósseis humanos: provou-a também, e com muita certeza,
a presença, nos terrenos daquela época, de objetos trabalhados pelos homens. Um
fragmento de vaso, uma pedra talhada, uma arma, um tijolo bastarão para lhe
atestar a presença. Pela grosseria ou perfeição do trabalho, reconhecer-se-á o
grau de inteligência ou de adiantamento dos que o executaram.
Se, pois, achando-vos numa região habitada
exclusivamente por selvagens, descobrirdes uma estátua digna de Fídias, não hesitareis
em dizer que, sendo incapazes de tê-la feito os selvagens, ela é obra de uma
inteligência superior à destes.
Pois bem! lançando o olhar em torno de si,
sobre as obras da Natureza, notando a providência, a sabedoria, a harmonia que
presidem a essas obras, reconhece o observador não haver nenhuma que não
ultrapasse os limites da mais portentosa inteligência humana. Ora, desde que o homem
não as pode produzir, é que elas são produto de uma inteligência superior à
Humanidade, a menos se sustente que há efeitos sem causa.”
E, no item 4 de O Livro dos Espíritos,
encontramos:
“Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras
da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de
Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer
alguma coisa.”
[1][1] Axioma: proposição verdadeira; clara,
intuitivamente verdadeira e que não necessita de demonstração para ser aceita.
Exemplo: em Matemática temos o axioma: Por um ponto passam infinitas retas e
esse outro: por dois pontos distintos passa uma e somente uma reta.